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Conforme o contexto histórico, social e político, a expressão "participação política" se presta a inúmeras interpretações. Se considerarmos apenas as sociedades ocidentais que consolidaram regimes democráticos, por si só, o conceito pode ser extremamente abrangente.
A participação política designa uma grande variedade de atividades, como votar, se candidatar a algum cargo eletivo, apoiar um candidato ou agremiação política, contribuir financeiramente para um partido político, participar de reuniões, manifestações ou comícios públicos, proceder à discussão de assuntos políticos etc.
Níveis de participação política
O conceito de participação política tem seu significado fortemente vinculado à conquista dos direitos de cidadania. Em particular, à extensão dos direitos políticos aos cidadãos adultos. Sob essa perspectiva os estudos de Giacomo Sani (citado em Bobbio - "Dicionário de Política") definem três níveis básicos de participação política.
O primeiro nível de participação pode ser denominado de presença. Trata-se da forma menos intensa de participação, pois engloba comportamentos tipicamente passivos, como, por exemplo, a participação em reuniões, ou meramente receptivos, como a exposição a mensagens e propagandas políticas.
O segundo nível de participação pode ser designado de ativação. Está relacionada com atividades voluntárias que os indivíduos desenvolvem dentro ou fora de uma organização política, podendo abranger participação em campanhas eleitorais, propaganda e militância partidária, além de participação em manifestações públicas.
O terceiro nível de participação política será representado pelo termo decisão. Trata-se da situação em que o indivíduo contribui direta ou indiretamente para uma decisão política, elegendo um representante político (delegação de poderes) ou se candidatando a um cargo governamental (legislativo ou executivo).
Ideal democrático
Tomando por base sociedades contemporâneas que consolidaram regimes democráticos representativos (países da Europa Ocidental, América do Norte e Japão), o ideal democrático que emergiu nessas sociedades supõe cidadãos tendentes a uma participação política cada vez maior. Contudo, numerosas pesquisas sociológicas na área apontam que não há correlação entre os três níveis de participação política considerados acima. Ademais, a participação política envolve apenas uma parcela mínima dos cidadãos.
A forma mais comum e abrangente de participação política está relacionada à participação eleitoral. É um engano, no entanto, supor que haja, com o passar dos anos, um crescimento ou elevação dos índices desse tipo de participação.
Mesmo em países de longa tradição democrática, o ato de abstenção (isto é, quando o cidadão deixa de votar) às vezes atinge índices elevados (os Estados Unidos são um bom exemplo). Em outros casos, porém, quando a participação nos processos eleitorais chega a alcançar altos índices de participação, isso não se traduz em aumento de outras formas de participação política (o caso da Itália é um bom exemplo).
Estruturas políticas
A participação política tal como foi conceituada é estritamente dependente da existência de estruturas políticas que sirvam para fornecer oportunidades e incentivos aos cidadãos. Em sistemas democráticos, as estruturas de participação política consideradas mais importantes estão relacionadas com o sufrágio universal (direito de voto) e os processos eleitorais competitivos em que forças políticas organizadas, sobretudo partidos políticos, disputam cargos eletivos.
Também é preciso salientar a importância das associações voluntárias, provenientes de uma sociedade civil de tipo pluralista. Essas entidades atuam como agentes de socialização política, servindo, portanto, de elo de conexão e recrutamento entre os cidadãos e as forças políticas organizadas.
Alienação política
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1. A ALIENAÇÃO E SEUS SINTOMAS
Alienação Política - incapacidade de um povo em se orientar politicamente conforme seus próprios interesses. Crença na operosidade de instrumentos inoperantes, de um lado; desinteresse total pelos fatos políticos, de outro. E, em sua forma mais grave - recusa em decidir o próprio destino, de raciocinar, de traçar seu próprio projeto; criação do mito do Chefe, do Messias, do Pai, do Salvador da Pátria. Compreender o significado destes fenômenos, ver neles o sentido que possam ter, tal é a grande tarefa de quem se preocupa com o problema politico do Brasil de hoje.
Ninguém duvida, hoje em dia, que as decisões políticas do eleitorado brasileiro são quase imprevisíveis a longo prazo, influenciadas por uma série de fatores onde o que menos conta é a efetiva identificação entre os eleitos e as massas, e o que mais vale são os recursos de propaganda, do dinheiro e da capacidade demagógica dos lideres políticos.
(...)
5. IDEOLOGIA E DEMAGOGIA
Esta é a ocasião propicia para a ação política em termos ideológicos, que, vise à organização das massas em função de projetos políticos explicitamente definidos, que rompam cada vez mais com os sistemas tradicionais de manipulação política. Partido Comunista e movimento nacionalista são dois tipos de ação ideológica que conseguem sensibilizar as classes populares urbanas por algum tempo, mas cujas origens ideológicas exógenas ou intelectualistas as tornam incapazes de ganhar as grandes massas, ou quando o fazem, de conduzi-las devidamente.
No vazio político deixado pela decadência dos sistemas tradicionais de manipulação e pela incapacidade dos movimentos ideológicos, grassa a demagogia. A demagogia consiste em um processo de propaganda e convencimento próprios de um momento político em que não existem mecanismos efetivos de participação política das diversas classes sociais. Com efeito, quando os instrumentos políticos, particularmente os partidos, correspondem de forma definida a classes sociais, ou as enquadram de maneira constante, os procedimentos eleitorais expressam esta correspondência ou enquadramento, permitindo perfeita compreensão de seu desenrolar. É o caso do coronelismo e assistencialismo, que exprimem a existência de direções políticas instaladas de tal maneira que só subsidiariamente precisaram lançar. mão de recursos demagógicos.
Distanciados dos centros de decisão, sem ligação com eles senão nas épocas de eleição, sem qualquer forma de vivência política, destruídas as formas tradicionais de manipulação, as grandes massas se tornam presas fáceis de "slogans"e raciocínios simplistas, impressionam-se com propagandas retumbantes, se entusiasmam com gestos de opereta. Ainda que individualmente adultos e responsáveis, globalmente o eleitorado se comporta infantilmente, teme decidir por si mesmo, e não se preocupa muito com as conseqüências de sua decisão política.
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