Sócrates viveu em Atenas no século V a.C. É considerado o pai do racionalismo ocidental. Nada escreveu em vida. Tudo o que sabemos dele foi graças a seu discípulo Platão. Ao contrário dos primeiros filósofos gregos, que se preocupavam com os problemas da natureza, Sócrates rendeu homenagem aos problemas morais. Apesar disso, suas idéias foram assimiladas pelas ciências do mundo ocidental. Foi com ele que a civilização ocidental aprendeu que a ciência (epistême) só tem sentido se é fundamentada em verdades universais. A verdade deve ter validade em qualquer lugar, em qualquer tempo e para qualquer indivíduo. Graças a ele que a civilização ocidental começou a valorizar a razão, a verdade e o conceito.
Sócrates era filho de uma parteira e ensinava filosofia em praça
pública. Ele usava uma túnica, costumava caminhar descalço e não tinha o
hábito de tomar banho. Ficava as vezes horas parado, imóvel,
filosofando sobre algum problema. Dizia que filosofava a serviço de Deus
e do cuidado da alma. A filosofia era para ele uma forma de
espiritualismo. Ao questionar valores, modos de ser e pensar Sócrates
encontrou muitos inimigos. Por isso foi condenado à morte. Foi acusado
de corromper os jovens de Atenas e de questionar os deuses da cidade. A
história de sua condenação foi contada por seu discípulo Platão no
famoso livro “A apologia de Sócrates”. Este livro descreve a defesa de
Sócrates diante do tribunal de Atenas.
Por
meio de perguntas Sócrates interpelava os trausentes em praça pública e
ali discutia os mais diversos assuntos: O que é o bem? O que é a
justiça? O que é a virtude? Toda sua filosofia estava a serviço do
conhecimento do homem e de sua vida moral. Seu espiritualismo
afirmava-se no “conheça-te a ti mesmo”. Essa mensagem estava escrita no
templo de Apolo. O conhecimento de si mesmo implicava o conhecimento de
nossas ações, de nossos desejos e de nossa vida moral. Para ele, a
sabedoria consistia em vencer a si mesmo e a ignorância em ser vencido
por si mesmo. Sua indagação principal era sobre “a justa vida” e o
“viver bem”. Uma vez lhe perguntaram qual lhe parecia a melhor tarefa
para o homem. Ele, sem rodeios, respondeu: viver bem. Mas viver bem para
Sócrates não era viver dos prazeres e da ociosidade, mas viver da
contemplação do conhecimento e do cuidado de si. Por toda parte Sócrates
ia persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem
exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo, a beleza e a
riqueza. Dizia que devemos nos preocupar mais com a alma para que ela
seja quanto possível melhor. Ele identificava a virtude com o
conhecimento. Afirma que ninguém faz o mal porque quer, mas por
ignorância. Ninguém erra voluntariamente. Somente o ignorante não é
virtuoso. Todo homem que conhece o bem é virtuoso. Ser virtuoso para
Sócrates é conhecer as causas e o fim das ações permitindo uma vida
moral e virtuosa em direção a ideia de bem. Por isso, ele defendia a
ideia de que a melhor forma de se viver era cultivando o próprio
desenvolvimento ao invés de buscar os prazeres e os bens materiais. É
necessário se conhecer melhor para ser feliz. “Conheça-te a ti mesmo”,
essa frase emblemática é o fundamento de toda felicidade aqui na terra.
Sócrates aconselhava seus discípulos a se autoconhecerem, pois somente
assim as pessoas sairiam da caverna, das trevas de seus espíritos, para
alcançarem a luz, a verdade e a felicidade. Quando nos conhecemos
dificilmente agimos por impulso, dificilmente somos dominados por nossas
paixões, mais resolvidos e determinados somos em nossos objetivos.
Conhecer a si mesmo significava que devemos nos ocupar menos com as
coisas desse mundo, como riquezas, fama e poder, e nos preocuparmos mais
com o cultivo de si, cultivando o conhecimento para contemplar o bem, o
belo e a verdade. Somente assim seremos felizes.
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