quinta-feira, 17 de março de 2016

Diálogos

DIALÉTICA SOCRÁTICA (MÉTODO DA IRONIA E MAIÊUTICA)

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            A atividade filosófica de Sócrates se dava em duas etapas. A primeira era conhecida como ironia, nesta parte do processo o filósofo se expressava parecendo indicar o oposto do que pensava ou conhecia sobre algo, levando o interlocutor a apresentar a sua posição ou opiniões a respeito de uma determinada temática. Com esse recurso Sócrates levava o interlocutor a desembocar na sua própria ignorância, ou seja, a pessoa que conversava com Sócrates se percebia como quem na verdade não sabia muito ou muito pouco a respeito do objeto da discussão, que este possuía na verdade um conjunto de afirmações mal estruturadas, confusas ou vazias, contraditórias. A segunda etapa do método socrático era conhecida como maiêutica. Esta parte faz referencia a profissão da mãe de Sócrates, que era parteira; Sócrates mesmo disse que sua mãe dava luz a crianças, enquanto que ele dava luz a ideias. Maiêutica vem do grego maieutiké e é traduzido justamente como “arte do parto”. Neste caso, Sócrates era um parteiro da verdade, das ideias verdadeiras. A partir das ideias confusas apresentadas pelo interlocutor na primeira fase, Sócrates, através do diálogo, busca descobrir a verdade dos objetos de conhecimento em questão com seu interlocutor. Vale destacar que todo este processo se desenrola baseado no diálogo entre Sócrates e os interlocutores. Ademais, estes diálogos não eram desestruturados ou casuais, pelo contrário, eram puramente sistematizados e intencionais. Este método socrático de buscar a verdade através do diálogo, incluindo os processos da ironia e da maiêutica, recebe o nome de dialética. Em suma, este método visa levar o indivíduo a transcender a suas ideias imediatas acerca de determinado assunto e alcançar as ideias mais puras, mais inteligíveis, mais autênticas."





"...sendo o diálogo uma relação de amor, devemos estar alertas para alguns aspectos importantes:

- o diálogo é um espaço aberto para expor opiniões, confrontá-las e assim poder chegar a um conceito;
- o objetivo de um argumento ou da discussão não deve ser a vitória, mas o esclarecimento;
- o argumento deve ser o centro das atenções, e não as pessoas, seus jeitos e trejeitos;
- não estamos discutindo a questão moral ou intelectual das pessoas, mas sim suas ideias;
- no diálogo, falamos com alguém, expressamos o que temos dentro de nós, isto é, expressamos para o outro nosso pensamento;
- no diálogo, supõe-se que haja, no mínimo, duas pessoas dispostas a escutoar e a propor seus pontos de vista. Sobre esse aspecto, os primeiros filósofos gregos consideravam que "o diálogo não era apenas uma das formas pelas quais se pode exprimir o discurso filosófico, mas sua forma típica e privilegiada, porque não se trata de discurso feito pelo filósofo para si mesmo, mas de uma conversa, uma discussão, uma pergunta entre pessoas unidas pelo interesse comum da busca;
- é necessário respeito mútuo;
- não deve estar em jogo, no diálogo, o número de pessoas que apoiam, aprovam ou desaprovam um argumento... Importante é o argumento, sua estrutura, consistência e conceitos fundamentados em boas razões;
- todo diálogo é tentativa de estabelecer um relacionamento para superar a opinião e estabelecer um conhecimento;
- um argumento raramente convence alguém, se for contrário às inclinações deste alguém. 

Fonte: O desafio de pensar sobre o pensar - 6º ano, Alberto Thomal.

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